RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

terça-feira, 24 de setembro de 2013

ATÉ QUANDO ESTE "CHORORÔ"?


(EM CONTRAPONTO A UNS E OUTROS...)

Todos os anos, por essa época, é a mesma ladainha, e eu me pergunto: Até quando?

Até quando teremos que ver em nossos periódicos meia dúzia de “jornalistas, historiadores, pesquisadores”, buscarem seus minutos de fama na forma de contraponto ao entusiasmo esfuziante de milhões de gaúchos ao comemorarem os Festejos Farroupilhas?

Até quando pseudos intelectuais que se doutoraram a luz da doutrina de Marx e Stalin, se alçarão a condição de críticos contumazes de Bento Gonçalves e Antônio de Souza Netto?  E se, como eles mesmo apregoam  ...outros líderes  - La Fayette, Bolívar, Rivera – outros países – Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia – e outras rebeliões brasileiras – A Balaiada, no Maranhão, por exemplo – foram mais progressistas...” que estes povos vibrem, decantem, festejem seus feitos, mas que nossas comemorações não sirvam de alimento a rancorosos, desenraizados e que saem do ostracismo a cada vinte de setembro, a custa do contraditório.

TODAS as guerras e revoluções da história tiveram fortes motivações políticas ou econômicas e tênues ideologias. A nossa não foi diferente, mas os ideais republicanos, a partir da grande vitória na Batalha do Seival, em 1836, floresceu como fator que alavancou, e motiva até hoje, o atavismo da grande maioria do povo gaúcho.

Contudo, em suas pregações, que graças a Deus encontram pouco eco por aí, estes escritores sonegam fatos heroicos como a citada batalha que deu origem a Proclamação da República Rio-grandense, a travessia por terra dos lanchões de Garibaldi na tomada de Laguna, a fuga de Bento Gonçalves do Forte do Mar, na Bahia, a bravura dos soldados farroupilhas reconhecida pelo próprio Garibaldi, já na Itália... Chega ao ponto de, pelos poros da raiva e do despeito, expelirem impropérios como “...até quando adularemos os admiradores de um passado que não existiu...” Como não existiu? Então TUDO o que se transmitiu de geração para geração é mentira, é ficção?

Claro que não! Só o que ELES acreditam e lhes serve de munição é verídico. Como: “...houve degolas, seqüestros, apropriação de bens alheios, execuções sumárias, saques, desvio de dinheiro, estupros...”  Embora não haja provas de tudo isto, vamos concordar que seja verdade, mas aproveito a vasa para perguntar: A Guerra dos Farrapos foi constituída de homens contra homens, soldados contra soldados, ou foi uma guerra de travesseiros, de freiras contra freiras, em algum convento por aí?  

Nossos símbolos, nossa bandeira, nosso hino (que em nenhum lugar se canta com tanto entusiasmo) são oriundos desta epopeia que hoje é difamada, esculachada, tratada como infâmia por estes...

Tivemos largas derrotas, como a Batalha do Fanfa e não se pode negar pontos obscuros da guerra, tal qual a Batalha dos Porongos, onde cerca de cem lanceiros negros, desarmados, foram mortos já quase no fim do conflito. Entretanto, a guerra de versões é tão grande que se eu fosse advogar em favor dos que não compactuam que houve traição, teria fortes argumentos.

Vejam, por exemplo, o que diz a conceituada REVISTA ELETRÔNICA DE JORNALISMO INVESTIGATIVO DA UFRGS

Apesar de os revoltosos compartilharem um mesmo ideal principal - um modelo de Estado com maior autonomia às províncias - os líderes divergiam em vários pontos. Entre os mais polêmicos estava a sua posição frente à escravidão. A resposta à pergunta “os farrapos eram ou não abolicionistas?” não pode ser respondida com um simples “sim” ou “não”. Ainda que boa parte de seus líderes fosse favorável à abolição da escravidão, as premências da guerra não permitiram a sua aprovação. As lideranças farroupilhas tiveram posições conflitantes frente à questão servil. De um lado, a chamada “maioria” – formada por Bento Gonçalves, Domingos José de Almeida, Mariano de Mattos, Antônio Souza Neto e outros – assumiu uma postura claramente abolicionista. De outro, a “minoria” – Vicente da Fontoura, David Canabarro e outros chefes farrapos – aceitou a libertação dos escravos que se engajassem na luta contra o império, mas opôs-se tenazmente a qualquer tentativa de libertação geral dos escravos. A resultante dessa contradição foi a não inclusão no projeto de Constituição da República Rio-Grandense da liberdade para os escravos e a Batalha de Porongos, em 14 de novembro de 1844, quando os Lanceiros Negros foram massacrados em um episódio muito controvertido, envolvendo suspeitas de traição e cartas cuja autenticidade ainda é questionada, que mudaria os rumos da revolução.

O fato é que a alegria, a mobilização, o culto a um passado grandioso que poucos povos tiveram, incomoda àqueles contrários as nossas tradições por defenderem que as mesmas estagnam, travam, engessam o Rio Grande do Sul quando na verdade nossos costumes são motivos de admiração e de respeito.

Chegam ao ponto de, no seu corporativismo anti-comemorações farroupilhas, dizerem-se “marginalizados” e que os jornais sonegam informações. Mas onde foi então que estes apologistas da derrota encontraram vasa para escrever tanta bobagem? Em que espaço um jornalista “gaúcho” chegou ao ponto de pedir desculpas em nome daqueles que não são daqui, apenas porque festejamos nossa data magna? Todos sabem da hospitalidade, da cordialidade, da receptividade de nossa gente, mas até isto é jogado por terra em meio a um punhado de mal escritos que os jornais, por imparcialidade, acolherem em suas colunas.

Ainda bem que, por um ano, ficaremos livres destas diarreias verbais e que a identidade nativa daquele glorioso tempo continuará incólume ante as futuras gerações dos que veem na reverência aos farroupilhas uma forma de louvor ao legado histórico deixado a todo o Rio-grandense que não se envergonha de dizer: Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a terra!

Léo Ribeiro