(EM CONTRAPONTO A UNS E OUTROS...)
Todos os anos, por essa época, é
a mesma ladainha, e eu me pergunto: Até quando?
Até quando teremos que ver em
nossos periódicos meia dúzia de “jornalistas, historiadores, pesquisadores”,
buscarem seus minutos de fama na forma de contraponto ao entusiasmo esfuziante
de milhões de gaúchos ao comemorarem os Festejos Farroupilhas?
Até quando pseudos intelectuais
que se doutoraram a luz da doutrina de Marx e Stalin, se alçarão a condição de críticos
contumazes de Bento Gonçalves e Antônio de Souza Netto? E se, como eles mesmo apregoam “...outros
líderes - La Fayette, Bolívar, Rivera –
outros países – Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia – e outras rebeliões
brasileiras – A Balaiada, no Maranhão, por exemplo – foram mais
progressistas...” que estes povos vibrem, decantem, festejem seus feitos,
mas que nossas comemorações não sirvam de alimento a rancorosos, desenraizados
e que saem do ostracismo a cada vinte de setembro, a custa do contraditório.
TODAS as guerras e revoluções da
história tiveram fortes motivações políticas ou econômicas e tênues ideologias.
A nossa não foi diferente, mas os ideais republicanos, a partir da grande
vitória na Batalha do Seival, em 1836, floresceu como fator que alavancou, e
motiva até hoje, o atavismo da grande maioria do povo gaúcho.
Contudo, em suas pregações, que
graças a Deus encontram pouco eco por aí, estes escritores sonegam fatos heroicos
como a citada batalha que deu origem a Proclamação da República Rio-grandense,
a travessia por terra dos lanchões de Garibaldi na tomada de Laguna, a fuga de
Bento Gonçalves do Forte do Mar, na Bahia, a bravura dos soldados farroupilhas
reconhecida pelo próprio Garibaldi, já na Itália... Chega ao ponto de, pelos
poros da raiva e do despeito, expelirem impropérios como “...até quando adularemos os admiradores de um passado que não existiu...”
Como não existiu? Então TUDO o que se transmitiu de geração para geração é
mentira, é ficção?
Claro que não! Só o que ELES
acreditam e lhes serve de munição é verídico. Como: “...houve degolas, seqüestros, apropriação de bens alheios, execuções
sumárias, saques, desvio de dinheiro, estupros...” Embora não haja provas de tudo isto, vamos
concordar que seja verdade, mas aproveito a vasa para perguntar: A Guerra dos
Farrapos foi constituída de homens contra homens, soldados contra soldados, ou
foi uma guerra de travesseiros, de freiras contra freiras, em algum convento por
aí?
Nossos símbolos, nossa bandeira,
nosso hino (que em nenhum lugar se canta com tanto entusiasmo) são oriundos
desta epopeia que hoje é difamada, esculachada, tratada como infâmia por
estes...
Tivemos largas derrotas, como a Batalha do Fanfa e não se pode negar pontos obscuros
da guerra, tal qual a Batalha dos Porongos, onde cerca de cem lanceiros negros,
desarmados, foram mortos já quase no fim do conflito. Entretanto, a guerra de
versões é tão grande que se eu fosse advogar em favor dos que não compactuam
que houve traição, teria fortes argumentos.
Vejam, por exemplo, o que diz a conceituada REVISTA ELETRÔNICA DE JORNALISMO INVESTIGATIVO DA UFRGS
Apesar de os revoltosos compartilharem um mesmo ideal principal - um modelo de Estado com maior autonomia às províncias - os líderes divergiam em vários pontos. Entre os mais polêmicos estava a sua posição frente à escravidão. A resposta à pergunta “os farrapos eram ou não abolicionistas?” não pode ser respondida com um simples “sim” ou “não”. Ainda que boa parte de seus líderes fosse favorável à abolição da escravidão, as premências da guerra não permitiram a sua aprovação. As lideranças farroupilhas tiveram posições conflitantes frente à questão servil. De um lado, a chamada “maioria” – formada por Bento Gonçalves, Domingos José de Almeida, Mariano de Mattos, Antônio Souza Neto e outros – assumiu uma postura claramente abolicionista. De outro, a “minoria” – Vicente da Fontoura, David Canabarro e outros chefes farrapos – aceitou a libertação dos escravos que se engajassem na luta contra o império, mas opôs-se tenazmente a qualquer tentativa de libertação geral dos escravos. A resultante dessa contradição foi a não inclusão no projeto de Constituição da República Rio-Grandense da liberdade para os escravos e a Batalha de Porongos, em 14 de novembro de 1844, quando os Lanceiros Negros foram massacrados em um episódio muito controvertido, envolvendo suspeitas de traição e cartas cuja autenticidade ainda é questionada, que mudaria os rumos da revolução.
Vejam, por exemplo, o que diz a conceituada REVISTA ELETRÔNICA DE JORNALISMO INVESTIGATIVO DA UFRGS
Apesar de os revoltosos compartilharem um mesmo ideal principal - um modelo de Estado com maior autonomia às províncias - os líderes divergiam em vários pontos. Entre os mais polêmicos estava a sua posição frente à escravidão. A resposta à pergunta “os farrapos eram ou não abolicionistas?” não pode ser respondida com um simples “sim” ou “não”. Ainda que boa parte de seus líderes fosse favorável à abolição da escravidão, as premências da guerra não permitiram a sua aprovação. As lideranças farroupilhas tiveram posições conflitantes frente à questão servil. De um lado, a chamada “maioria” – formada por Bento Gonçalves, Domingos José de Almeida, Mariano de Mattos, Antônio Souza Neto e outros – assumiu uma postura claramente abolicionista. De outro, a “minoria” – Vicente da Fontoura, David Canabarro e outros chefes farrapos – aceitou a libertação dos escravos que se engajassem na luta contra o império, mas opôs-se tenazmente a qualquer tentativa de libertação geral dos escravos. A resultante dessa contradição foi a não inclusão no projeto de Constituição da República Rio-Grandense da liberdade para os escravos e a Batalha de Porongos, em 14 de novembro de 1844, quando os Lanceiros Negros foram massacrados em um episódio muito controvertido, envolvendo suspeitas de traição e cartas cuja autenticidade ainda é questionada, que mudaria os rumos da revolução.
O fato é que a alegria, a
mobilização, o culto a um passado grandioso que poucos povos tiveram, incomoda
àqueles contrários as nossas tradições por defenderem que as mesmas estagnam,
travam, engessam o Rio Grande do Sul quando na verdade nossos costumes são
motivos de admiração e de respeito.
Chegam ao ponto de, no seu
corporativismo anti-comemorações farroupilhas, dizerem-se “marginalizados” e
que os jornais sonegam informações. Mas onde foi então que estes apologistas da
derrota encontraram vasa para escrever tanta bobagem? Em que espaço um
jornalista “gaúcho” chegou ao ponto de pedir desculpas em nome daqueles que não
são daqui, apenas porque festejamos nossa data magna? Todos sabem da
hospitalidade, da cordialidade, da receptividade de nossa gente, mas até isto é
jogado por terra em meio a um punhado de mal escritos que os jornais, por
imparcialidade, acolherem em suas colunas.
Ainda bem que, por um ano,
ficaremos livres destas diarreias verbais e que a identidade nativa daquele
glorioso tempo continuará incólume ante as futuras gerações dos que veem na
reverência aos farroupilhas uma forma de louvor ao legado histórico deixado a
todo o Rio-grandense que não se envergonha de dizer: Sirvam nossas façanhas de
modelo a toda a terra!
Léo Ribeiro
Léo Ribeiro